INSPIRAÇÃO BÍBLICA (dados breves)
Prof Eduardo Simões
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Ave!
Definição:
“é um carisma sobrenatural, dado por Deus a certos homens no seio do povo de
Deus, para consignar por escrito, com validade geral e pública, os mistérios de
Deus e de sua intervenção na história da Salvação humana, que Deus quis que
fossem dessa maneira [escritos] entregues à Igreja, para o nosso bem e para a
nossa salvação” (retirado de mercaba.org, o mais completo site católico da web,
todo em espanhol: é imperdível!).
Os
elementos dessa inspiração são os seguintes:
a) Não
supõe a autoria literária original, ou seja, o conhecimento exato do agente
humano responsável pela inscrição do texto, nem os seus méritos pessoais. Isso
é irrelevante, uma vez que o autor mesmo, isso nos diz a fé e o magistério
infalível da Igreja, é Deus; desse modo nada se perde do ensinamento contido,
por exemplo, na epístola aos hebreus, embora a sua autoria não seja reconhecida
unanimemente – a tradição nos diz que é obra de Paulo e contada entre estas,
mas quase tudo nela, como o seu estilo literário, os seus conceitos, a sua
forma de argumentar, não se parecem em nada com o estilo de Paulo, nas outras
cartas. Muito mais controvertidos são os cinco livros do Pentateuco, cujos
dados do texto nos revelam a impossibilidade de ter sido escrita por um só
homem, e menos ainda Moisés – que pode até ser o autor de alguns trechos – como
diz a tradição, sem que isso lhes cause qualquer demérito quanto a sua
inspiração.
b) É
divina, condição indispensável para constar do cânon.
c) A
Inspiração Bíblica, como um carisma sobrenatural e divino, induz ao hagiógrafo
– o autor humano do texto – “para que ponha por escrito, sem erro, o que
Deus quer revelar e comunicar aos homens” (idem).
Daqui surge uma questão: o conteúdo da revelação é isento de erros, mas não o
autor humano, o hagiógrafo, que pode ser um pecador, assim como a sua forma específica
de relatar os dados da Inspiração, além das limitações da língua corrente, do
entendimento dos leitores, inclusive dos especialistas, como os escribas, os revisores
nas editoras, etc., encarregados de reproduzir novas edições do que foi
escrito, e que podem adicionar coisas que podem, num extremo causar alguma
distorção [a responsabilidade de manter íntegro o texto bíblico, para o seu próprio
bem, não é nem de Deus nem dos anjos, mas dos homens]. Deus, decerto que ilumina
tanto o hagiógrafo, como as pessoas de boa fé que se aproximam do texto para
que entendam perfeitamente o sentido daquilo que foi escrito e lido, que é o
que importa, para aqueles que não tratam a Bíblia como a um ídolo. Aliás, se o
texto bíblico fosse sempre perfeitamente escrito e transmitido, e perfeitamente
entendido, não haveria necessidade de profetas, sequer de Jesus Cristo.
d) “O
carisma da Inspiração é gratuito, sobrenatural e transitório” (idem). Ele, o
carisma, só aparece na revelação daquele mistério que Deus quer tornar
conhecido, fora disso o hagiógrafo leva sua existência comum, e por vezes até
não muito santa, como no caso de Davi, que depois de um pecado horrível compôs
um dos mais belos salmos da Bíblia (Miserere).
e) O
carisma dá luz ao hagiógrafo para que entenda perfeitamente aquilo que lhe é
revelado, e possa discernir com certeza que aquilo que se lhe “aparece” é coisa
de Deus – não sabemos exatamente como isso acontece, é possível que essa
certeza de inspiração ocorra em pessoas diferentes de forma diferente, por isso
é tão importante manter-se junto ao Magistério e à comunidade eclesial, que são
âncoras firmes, capazes de dar um veredito seguro sobre a natureza da
inspiração, evitando as armadilhas de sentimentos e sensações confusas, que
arrastaram a muitos para longe do verdadeiro caminho.
f) “É
um dom outorgado por Deus, não para a santificação de quem o recebe
(uma graça santificante), mas para o bem da Igreja
(graça grátis dada)” (idem).
g) Sob
o efeito da inspiração o hagiógrafo escreve somente aquilo que Deus quer, e
nada mais.
h) A Veracidade
dos escritos bíblicos é, para o católico, tanto óbvia como dogmática e decorre
das seguintes circunstâncias:
h.1. “Ela
está ligada com o fim mesmo da Inspiração [ou seja, revelar a Verdade Suprema,
que é Deus]” (idem).
h.2. Ela
está necessariamente ligada à perfeição de Deus .
h.3. “Ela
se estende a todo conteúdo da Bíblia” (idem).
h.4. “É
uma verdade absoluta, que contém tanto verdades de ordem metafísica [quando se
refere a realidades espirituais], como acontecimentos, promessas, e exigências ético-morais”
(idem).
São Tomás
de Aquino, em sua Summa Teológica, trata dessa questão da seguinte maneira: “a
causa agente pode ser dupla: principal (ou aquela que obra por sua própria
virtude [no caso, Deus]) e instrumental (ou aquela que obra em virtude da moção
prévia que recebe de um agente principal [no caso, Deus] e é também aplicada à
ação [nesse caso, o hagiógrafo, que é um “instrumento” de Deus]). Dessa forma,
o instrumento, recebe uma capacidade mais elevada, que ultrapassa a capacidade que
lhe é própria, para além de sua natureza. O efeito obtido é tanto de um [de
Deus] como do outro [do hagiógrafo], embora de maneira distinta... os hagiógrafos
são instrumentos vivos, livres e racionais movidos por Deus para a redação dos
Livros Sagrados. Essa ação de Deus sobre o hagiógrafo, se observa como uma ação
ad extra [externa] de Deus (inspiração ativa), atribuída de modo especial ao
Espírito Santo; que é recebida livre e voluntariamente pelo hagiógrafo (inspiração
passiva), e que se acha inscrita nos Livros Sagrados (inspiração terminativa)”
(idem)
Amém