Crônicas

domingo, 19 de abril de 2015

A FALTA QUE O LEÃO FAZ - II

Prof Eduardo Simões

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Um símbolo! O resultado da estupidez humana a serviço do monocromatismo sexual. A jovem caçadora americana Kendall Jones,19, posa ao lado do corpo de um raríssimo leão branco, morto por ela, em uma foto postada no seu facebook. Kendall Jones pode ser considerada o mais jovem ser humano a ter morto os cinco grandes (leão, elefante, hipopótamo, rinoceronte e búfalo), com apenas 13 anos! O que é ser homem e ser mulher requer uma discussão muito mais profunda e inteligente, ou menos politicamente correta, do que acontece hoje. Entre os povos germânicos o monocromatismo sexual ocorre por exacerbação do masculino, de onde as mulheres competirem com os homens nas habilidades mais guerreiras e agressivas, enquanto que entre os latinos se dá por exacerbação do feminino, de onde todo o enorme culto ao feminino, que vemos na nossa televisão, por exemplo. Quantas pessoas não votaram pela primeira vez em Dilma Rousseff, sob o pretexto de que as mulheres seriam "mais honestas" que os homens ou que sabiam "administrar melhor"? É isso que estamos vendo?

         No final dos anos 1980, de volta ao Brasil, o ex-guerrilheiro Fernando Gabeira, desfila pelas praias do Rio de janeiro, trajando uma sunga de crochê, usufruindo de seu novo sucesso editorial: O crepúsculo do macho, onde, de uma forma ainda embrionária, critica concepções da esquerda e da direita tradicionais, e saúda a nova sociedade dominada por elementos femininos, ou por uma “natureza” feminina (1).
         Na década seguinte novas pesquisas vieram acrescentar dados “perturbadores” sobre o comportamento natural de mamíferos na natureza, feitas por cientistas, embasadas em numerosas imagens de fotos e vídeos, mostrando o homossexualismo como um fenômeno comum a todos os grandes mamíferos, na natureza, aparecendo, inclusive na capa de uma conhecida revista, embora bastante sensacionalista, a foto de dois leões machos, aparentemente trocando carícias.
         A televisão não deixou por menos, em um folhetim da Rede Globo (2), o ator Floriano Peixoto, vive o papel de um travesti memorável: Sarita Vitti, uma espécie de super-humano, turbinado por sua dupla natureza, que espanca valentões, tem sempre bons conselhos, bom caráter, corajoso, respeitador, etc., em contraste com os outros personagens masculinos, fracos, imaturos ou mau-caráter. A mensagem é clara: por dispor de duas naturezas, e mais ainda por deixar predominar a natureza feminina,  Sarita é superior aos que só compartilham uma única natureza, feminina ou masculina. O personagem é sábio porque teve a audácia e o “bom senso” de assumir o seu “lado feminino”, em um mundo onde a inveja do pênis foi substituída pela inveja do útero, e a emissora começava a assumir a linha heterofóbica, que a caracteriza.
         Em contraste com esse personagem, e com outros que seguirão nessa linha, nos folhetins dessa emissora, quando aparece um personagem defendendo, na sua totalidade ou em algumas questões, a moral dita tradicional, este, ou esta, é apresentado sempre como um(a) refinado(a) hipócrita, é quase sempre o(a) vilão(ã) principal da história ou está a ele(a) associada(o). E assim, tijolo por tijolo foi sendo desmontado, de dentro para fora, nos lares brasileiros, o monumento ao homem tradicional, protetor e provedor da família, assim como os preceitos morais que, aparentemente lhe davam sustentáculo, e que, com o tempo, haviam se tornado obstáculos às novas estruturas socioeconômicas, e a sua moral mais pragmática e assexuada.
         Criou-se, para justificar tamanha inversão, o mito do homem “sensível”, como se o homem tradicional fosse insensível – não o é, ele apenas controla mais as manifestações de sua sensibilidade, principalmente nas situações difíceis, expondo-se a uma dor maior, ataques cardíacos e derrames, só para não preocupar demasiadamente a esposa e filhos, porque ele é movido acima de tudo por valores morais e sentimento de dever. O prolongamento desse erro tem mostrado que o homem “sensível” está mais preocupado com a sua própria pele, a principal sede de sua sensibilidade, e por ela, ele não hesita em expor a pele de filhos e esposa, pra fugir ou abreviar a sua dor.
         Entretanto, estudos recentes feitos entre populações de leões na África Ocidental vieram abalar os conceitos politicamente corretos, nascidos da nova ordem sexual (3). A dizimação de grandes machos saudáveis, por caçadores, que certamente os preferem a leões muito jovens, velhos ou doentes, está causando uma catástrofe populacional sem precedentes entre os animais dessa espécie. O que acontece é que na ausência de um poderoso macho, leões jovens, e até não muito saudáveis, estão tomando à frente dos bandos, matando os descendentes saudáveis dos antigos chefes, enquanto geram suas proles, menores, prematuras, fracas e doentias, que, por sua vez, têm muito poucas chances de vingar na natureza.
         Por serem inexperientes ou fracos, esses leões facilmente perdem a liderança para outros, tão jovens ou fracos quanto eles, deflagrando nova matança de filhotes, e novas proles, insustentáveis. As leoas, ao invés do que acontece em muito documentário ridículo, inclusive da National Geographic, onde uma leoa organiza, sozinha, um bando vitorioso, https://www.youtube.com/watch?v=4uZ1nTjVmh4, traumatizadas pela perda de tantas ninhadas, abandonam seus recém-nascidos doentes, e até o bando, na esperança de encontrar um macho saudável e experiente, que a ajude a formar um novo bando. Em vão. E assim, só por causa da perda desses machos saudáveis, tão vilipendiados, embora a quantidade de leões caçados não seja fora do comum, inclusive porque esse declínio ocorre mesmo dentro de áreas protegidas, a população de leões da África Ocidental está em risco de extinção imediata.
Qualquer semelhança com a nossa realidade atual, principalmente a dos nossos jovens, será mera coincidência? Digo isso porque, como professor estou cansado de ouvir dizer que o péssimo comportamento dos jovens, que por longo tempo foi associado à inteligência e à contestação da ordem ditatorial machista, como dizia Fernando Gabeira (1), hoje mostra claramente a sua feição ilógica e deletéria. A violência dirigida e regulada, em função dos interesses bem claros do “macho alfa” foi substituída pela violência difusa e inesperada dos leõezinhos imaturos, emocionalmente aleijados pela ausência do modelo, e quiçá da violência lógica dos antigos, a indicar o que deveria ser preservado e o que deveria ser combatido. Hoje, não sabemos o que preservar e o que combater. As leoazinhas também estão confusas e inseguras, pela ausência ou péssimo modelo de pais que ainda estão em casa, engravidam precocemente, logo dos leõezinhos menos capazes, e se tornam mais um problema para a sua família e para a escola.
A família, assim como a sociedade brasileira, está sem rumo. A mulher, sozinha, não pode ser modelo de pai para os filhos e vice-versa, o mais comum, nesses casos é o adulto usar das crianças como muleta afetiva, superprotegendo-os, o que torna a família homoafetiva uma impossibilidade lógica, sociológica, psicológica e natural. Infelizmente, poucos pensam como um prefeito recente de Paris, um homossexual assumido, que se mostrou contrário ao conceito de família homoafetiva, com uma frase que deveria ser lapidada em diamante: “As crianças são mais importantes [e quanto!], que o direito de possuí-las”.
Aos poucos, talvez tarde, foram ficando claras as razões do comportamento “parasitário” dos grandes leões. Descansando, ele poupa as suas forças para os inúmeros confrontos com leões rivais, e até para ajudar decisivamente as fêmeas a derrubar grandes presas, e a enfrentar predadores concorrentes, como os bandos de hienas. Comendo a melhor parte das caças, ele também tem melhor condição de recompor as suas forças, a serem empregadas em novos combates, onde só ele pode atuar com vantagens. Enfim, ao se manter vivo, o leão alfa pode garantir a estabilidade e a boa genética do grupo, indispensáveis não só para o sucesso do bando como de toda a espécie. Essa é a lição que a natureza está nos ensinando: tire o grande leão, substitua-o por qualquer um, e a espécie desaparecerá em dois tempos.
Transferindo os ensinamentos para a nossa espécie diremos que a nossa sociedade carece enorme e urgentemente do resgate do homem de valor, do pai de família, firme, estável, cumprindo o seu papel, senão de mantenedor, nesse ponto a mulher pode perfeitamente participar e em alguns momentos críticos até açambarcá-lo sozinha, afinal a linha de produção moderna já não exige tanta agressividade e força como no passado, mas sem nunca abrir mão do papel de protetor, e de primeira linha de defesa da família, em vista do bem estar dos filhos e da esposa. E mesmo que ele tenha menos força do que ela, continua valendo a máxima antiga que diz que os primeiros a abandonar o navio são as crianças, as mulheres e os idosos, por fim os homens, se der tempo! E porque isso? Porque é da nossa natureza, e isso foi Deus quem nos deu; ninguém, nem nada, nos há de tirá-la!!!.
“E vós, maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la [não deixar que o mal lhe aconteça, ou sobre ela permaneça]... Assim também os maridos devem amar suas mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher ama a si mesmo, pois ninguém jamais quis mal a sua carne, antes alimenta-a e dela cuida... Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe e se ligará a sua mulher [o sacrifício é dele], e serão ambos uma só carne... Em resumo, cada um ame a sua mulher com a si mesmo e a mulher respeite o seu marido” (Ef 5,25-33; Bíblia de Jerusalém - recomendo)
        
Notas
(1) “A mentalidade machista que predomina ainda nas sociedades latino-americanas é uma das causas profundas da tolerância do povo aos poderes totalitários. Existe uma cumplicidade inconsciente entre o povo e os ditadores, pois o povo está habituado desde a infância, a se submeter à autoridade do pai... é incontestável que é quebrando o machismo dominante que se pode fazer nascer tipos de comportamento que impedirão a volta desta forma de poder... Há um pequeno ditador que “dorme” nos pais, nos maridos, nos professores, nos funcionários, e são essas “dobradiças” bloqueadas que impedem o funcionamento da democracia” (Cohn-Bendit; 1986; 121-122) Livro de Zaíra Ary Farias, frase de Gabeira num debate entre ele e Daniel Cohn-Bendit, sociólogo e político franco-alemão, em Masculino e feminino no imaginário católico: da Ação Católica à Teologia da Libertação; Annablume; São Paulo; 2000. Parcialmente disponível em google-books.
(2) Explode coração; 1995

(3) Há um artigo completo sobre esse assunto no seguinte endereço: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0083500        

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