PECADO
HISTÓRICO
Prof
Eduardo Simões
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Momento em que a senhora 'evangélica' atacava a imagem da igreja. Em total desatino ela gritava: "Reage!", como fez o bispo Von Helder, da Universal, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, na TV, anos atrás. Quem, entre os católicos, um dia acreditou que isso tivesse vida própria? É por isso que nós as chamamos de "imagens". Esperamos que tais ensinamentos sejam frutos só da ignorância, pois seria muita má fé!
Sobrecarregada pela doença mental, pela
ignorância e por maus conselhos, uma pobre senhora ‘evangélica’, pega uma
enxada, e se dirige até a igreja de Nossa Senhora da Piedade, e começa a
destruir, sem piedade, a imagem de uma enorme pietá, que há do lado de fora desse
templo católico, no centro de Belo Horizonte.
Há
menos de um ano, também em Minas Gerais, um rapaz invadiu uma igreja e começou
a destruir várias imagens, inclusive uma, a de Nossa Senhora do Patrocínio do
Santíssimo Sacramento, tombada pelo patrimônio histórico. Após cometer o crime,
o rapaz foi se abrigar em um templo da Igreja Universal. Preso mais tarde,
confessou que fazia parte da Força Jovem da Universal. Nos dois casos alegou-se
doença mental, o que pode acontecer, mas quando o sintoma de uma doença tão
pessoal começa a se generalizar (há notícias de vários outros ataques a igrejas
e a centros de umbanda e espíritas, pelo Brasil), começamos a desconfiar do
caráter privado desses eventos.
Nos
dois casos, o pretexto para o crime foi obedecer às ordens de ‘Deus’, emanadas
literalmente da Bíblia, que ordena a destruição de ídolos e qualquer
representação de coisas naturais, como está prescrito em Ex 20,4; Dt 5,8; Is
44,9-20, etc. Isso levanta de cara uma questão: por que essa gente, tão zelosa com
a Palavra de Deus, não a cumpre de maneira mais completa e honesta, atacando os
monumentos públicos, estátuas e imagens muito mais evidentes, que povoam as
praças do nosso país? Em São Paulo, por exemplo, eles poderiam fazer uma
campanha para explodir o enorme e chamativo monumento às bandeiras, de Vitor
Brecheret, além de quadros históricos e estátuas em museus, teatros, etc. O
Estado Islâmico pode não estar tão longe.
Essa
pobre gente está sendo muito mal orientada, mas o pior é saber que até pouco
tempo atrás boa parte dela era católica, e que eu mesmo nasci em um país quase
100% católico. Como é que as coisas chegaram a esse ponto? Ao invés, o de
vermos crescer um protestantismo histórico, respeitoso, teologicamente bem
embasado e aberto ao diálogo, o que vemos são seitas que, não raro, descambam
para um anticatolicismo, como se houvesse uma grande mágoa abafada ou uma
profunda ignorância da religião, que durante quase 500 anos reinou absoluta em
nosso país, e ajudou-o a construir como que à sua imagem e semelhança? Nós os
católicos precisamos meditar muito sobre a nossa participação nisso tudo.
Outro
desafio que nos cabe é de questionar se essa violência vai parar nas imagens ou
vai avançar até os que as veneram, e que jamais as adoraram. Não seria a primeira
vez na história que um grupo fanático, começaria por destruir os símbolos de um
grupo social, para depois tentar destruir fisicamente os membros desse grupo. Eles
pararão nas imagens ou avançarão ainda na direção de realidades mais elevadas
aos católicos, mas por eles desprezadas, como as Sagradas Espécies da Eucaristia?
Por
isso, não podemos deixar de defender o estado laico, religiosamente não comprometido,
que proteja todas as nossas diversidades e possa, em caso de litigio social, agir
como um mediador sóbrio e imparcial. Qualquer tentativa de instrumentalizar o estado
a favor de uma religião é um desatino, a não ser que se institua a proibição de
mudar de religião, como em alguns países islâmicos. Querer levar para dentro do
Parlamento as disputas religiosas, como pregam, inclusive, alguns grupos
católicos, é um erro, erro ao qual se filiam várias seitas evangélicas, com um
prejuízo tremendo para o cristianismo, e alegria dos ateus e não cristãos, que
podem citar o caso de “bispos”, “bispas”, “apóstolos”, envolvidos em rumorosos
escândalos financeiros. Os cristãos engajados devem ir para o Parlamento para
lutar pelos interesses gerais da sua comunidade, a partir uma ótica republicana
e democrática, independente da sua orientação religiosa e a de seus eleitores.
Querer se candidatar só para impedir que um determinado feriado religioso seja retirado
do calendário não é razoável, não contribuamos para o caos geral.
Não
esqueçamos também de denunciar às autoridades constituídas o crime de
destruição de patrimônio perpetrado por esses fanáticos, para que eles paguem,
na forma da lei, pelos danos físicos causados (Rm 13,1-7; Pd 2,13-17; Tt 3,1).
Não se trata de esquecer o mandamento maior do perdão, mas de antes dar uma
lição de civilidade e civilização para os demais membros da comunidade. O
perdão vem do fato de em hipótese nenhuma revidarmos na mesma moeda. Quem vive
ligado ao Antigo Testamento e a Lei do Talião não são os católicos. A nós
interessa mais os Evangelhos e o Segundo Testamento.
Tampouco
devemos reagir fisicamente ao vermos alguém destruindo imagens na nossa igreja,
diante de nós, para evitarmos que nós, ou o agressor, se machuque, aumentando a
gravidade do gesto criminoso. Se der para segurar, sem machucar ninguém, certo,
mas se o criminoso for jovem e forte, é melhor chamar a polícia, ou quando
muito seguir o autor, para ver aonde vai se ocultar, e não se angustiar com a perda
da imagem; pelo contrário, a comunidade deve se juntar, se cotizar, e fazer uma
maior e mais bonita ainda. Esses fatos são Deus querendo ver até onde vai a
nossa independência em relação aos bens financeiros. Os católicos brasileiros precisam
contribuir mais com a sua Igreja.
Não
devemos, ainda, esquecer que, apesar das profundas e intransponíveis diferenças
religiosas que temos com umbandistas e espíritas, devemos nos solidarizar com
eles, e com os membros de qualquer outra religião, sempre que estas forem
vítimas de alguma violência, venha da parte desses ou de outros, pois a
caridade, a esmola da solidariedade, enfraquece o ódio, o fanatismo, e apaga uma
multidão de pecados (Eclo 3,30;7,32-36; Tb12,9; 1Pd4,8; Dt 15,7-11) .
E
isso é que é ser evangélico!
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhERCzda_Dljots8z0edUEbsR8-KghpCmKRh1uz3Yf6yyeeGPOCxo3hvtbs0hZNQQMBZUQ1Js9hlR6iDwa4VUtPRlVHf8PQRqk8xLKInGXRw4FsGKiRIhQqF_4rmC-61YPPwVibVPX3xuI/s400/rio_espirita.jp
http://theologizando.blogspot.com.br/
Foto de um centro de umbanda depredado por quatro jovens atletas 'evangélicos'. Por pouco não houve agressão aos fieis do centro, alguns idosos, que estavam lá na hora do crime.
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